terça-feira, 12 de outubro de 2010

Falando do antigamente e tirando algumas duvidas

Se do Benfica é ser diferente:
Dr Fernando Pais, Director da PIDE e Vice Presidente do Benfica nos anos 60.
Fugiu para o Brasil após revolução de 1974...
Fernando Eduardo da Silva Pais nasceu a 16 de Novembro de 1905, no Barreiro. O pai, despachante, era natural de Beja e a mãe barreirense. Estuda no Liceu Passos Manuel e no Instituto Superior Técnico, onde terá sido um aluno brilhante. A sua formação é profundamente marcada pela instabilidade do regime republicano. O assassínio do primeiro-ministro demissionário António Granjo, a que, com 15 anos, assiste no Arsenal da Marinha, em Outubro de 1921, é para ele um episódio decisivo. Em 1926 participa em Lisboa na entusiástica recepção à coluna militar chefiada pelo general Gomes da Costa, vinda de Braga, e que consagra a vitória do golpe militar de 28 de Maio e o fim da República Democrática. Pouco depois, ingressa na Escola Militar. Em 1936 vê nascer a Legião Portuguesa, ao participar no célebre comício de 28 de Agosto, no Campo Pequeno. Admirador confesso de Hitler, indefectível de Salazar, integra a União Nacional, o partido único.
Durante a guerra civil de Espanha é colocado na terra natal, a vila operária do Barreiro, praça-forte de anarquistas e comunistas, onde comanda um destacamento militar. Entre 1937 e 1944, integra os quadros da PSP.
Em 1939 passa a dirigir a Intendência Geral de Abastecimentos (futura Inspecção Geral das Actividades Económicas). O seu trabalho é apreciado por Salazar, que, em 1962, o convida para director-geral da PIDE. Sucede ao coronel Homero de Matos, que se revelara incapaz de lidar com a catadupa de episódios ocorridos no ano de 1961, desde o desvio do paquete «Santa Maria» à revolta de Beja, passando pela tentativa de golpe militar envolvendo o ministro da Defesa Botelho Moniz, o sub-secretário do Exército Costa Gomes e o ex-presidente da República Craveiro Lopes.
Major de Engenharia, inicia funções na polícia política em 6 de Abril. No dia seguinte emite uma ordem de serviços: «No momento em que os inimigos externos e internos da nossa Pátria se encarniçam contra os princípios por que nos regemos e contra a sua segurança, há que levantar bem alto os corações e lutar, trabalhar desinteressadamente como nos cumpre, para lhe neutralizarmos todas as criminosas actividades».
Numa nota biográfica, redigida pelo próprio num bloco e destinada ao seu advogado, declara-se «amigo do director do FBI, Edgard Hoover». Era assíduo das reuniões da Interpol. O general Pedro Cardoso, que durante décadas foi o patrão dos serviços de informações militares, reconhece que «Silva Pais tinha muito prestígio na Europa, porque a PIDE tinha a fama de estar muito bem informada sobre o PCP e os movimentos comunistas».
À frente da PIDE e, a partir de 1969, da DGS, reúne todas as semanas com o chefe do Governo, com quem despacha pessoalmente. «Nunca actuei por iniciativa própria», justificar-se-á mais tarde. «Todos os oitos dias eu encontrava-me com o dr. Salazar e mais tarde com Marcello Caetano, para receber instruções». Ao ditador expunha detalhadamente os casos mais complexos ou melindrosos - como o atestam documentos guardados na Torre do Tombo, referentes a figuras gradas da oposição como Cunha Leal, Edmundo Pedro, Sousa Tavares, Mário Soares e Raul Rego. Sob o seu consolado ocorre o maior crime da ditadura: o assassínio do general Humberto Delgado, em Espanha, em Fevereiro de 1965. No processo julgado no Tribunal Militar de Lisboa, o promotor de Justiça acusou Silva Pais de co-autoria moral do crime. Dos sete réus, apenas três estiveram presentes. Entre os ausentes, destaque para Casimiro Monteiro, autor material do crime, e para Rosa Casaco, o chefe da brigada que montou a armadilha.
Faleceu no Hospital Militar da Estrela, vítima de doença cardíaca, em 27 de Janeiro de 1981, com 75 anos. A morte extinguiu o procedimento criminal. O corpo está no cemitério do Alto de S. João, em Lisboa.

1 comentário:

  1. Boa Tarde. Consultei todas as direcçoes do Benfica dos anos 60 e nao encontro a referencia a nenhum cargo directivo de Fernando Silva Pais. O seu irmao, Armando Silva Pais foi Presidente do Barreirense em 1956. Pode dizer.me de que direcçao fez parte Fernando Silva Pais? Obrigado.

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